sexta-feira, 24 de agosto de 2018

NÃO A GORDOFOBIA!


Povo acha que me ofende chamando de gorda.
Gorda não é insulto! Estou gorda mesmo!
Tenho espelho e balança em casa!
Ser gorda não quer dizer que não sou linda, gostosa e que não me amo.
Ser gorda simplesmente quer dizer que estou acima do peso padrão.
Mas quem definiu esse padrão?
Com certeza, foi quem gosta de gente magra. E qual o padrão normal para quem gosta de mulheres gordas, como eu?
Padrão não existe!
Padrão é coisa de gente quadrada, que pensa dentro da caixinha, que tem arreio social!
Sou gorda sim! E isso não me ofende!
Sou gorda , linda, libriana e cheia de amor e auto-estima pra dar e vender!
Então, podem chamar de gorda, pq isso é pra mim, uma libertação!
Ser gordo, tem que deixar de ser tabu!
Não que eu esteja levantando bandeira de obesidade...não é isso!
Estou levantando a bandeira do amor próprio e do respeito!
Gorda sim!
E uma gorda de bem com a vida!


SOBRE RENASCER...





MEU TESTEMUNHO DA DEPRESSÃO!

Muitos não sabem, mas entre 2015 e 2016 eu passei por um processo de depressão grave. 
Resolvi contar isso aqui não para gerar pena ou comentários, até porque já estou muito melhor. 
Resolvi contar para que sirva como um alerta para cada um dos meus amigos e de pessoas que possam vir a achar que a depressão é frescura, preguiça ou falta de força de vontade. Eu também achava que era isso. Mas acreditem, não é! 
Por mais que as pessoas tentem entender ou se solidarizem, elas nunca irão entender realmente o que você está passando. A não ser que sintam na pele. Mas isso eu não desejo a ninguém. Nem aos meus desafetos. 
Você só descobre o que é a depressão quando está no olho do furacão. Quando você se sente sufocado dentro do ônibus indo para o trabalho, sem conseguir respirar. Quando você sente seu corpo todo trêmulo e o seu coração bater num ritmo acelerado e desconhecido, parecendo crescer dentro do seu peito, a ponto de quase explodir. Você acha que está enlouquecendo quando o seu corpo não obedece mais os comandos do seu cérebro e você fica com o corpo todo paralisado, sem conseguir dar um passo a frente no meio da rua, precisando da ajuda de terceiros. Nessas horas você sente que está vivo dentro de um caixão. Lágrimas molham o seu rosto, seu pescoço e a sua roupa, em qualquer lugar e a qualquer hora do dia sem explicação. Isso faz você levantar diversas vezes da sua mesa de trabalho e ir para o banheiro chorar e soltar um berreiro, querendo gritar desesperadamente, mas tendo que fazer a fina e seguir em frente. Você fica com medo de morrer a todo instante. Você fica com medo que aqueles que você ama morram a qualquer instante. O pânico toma conta de você facilmente. A depressão tira a sua vontade de fazer tudo. Sair da cama, tomar banho, comer, ver tevê, ler, beijar na boca, se concentrar, tudo é um verdadeiro sacrifício. E muitos dias, você realmente não faz nada disso. Não come, não toma banho, não quer falar com ninguém... Fazer unha, pentear cabelo, passar batom...coisas sem total importância para uma pessoa depressiva. Para mim era, pelo menos. As tarefas mais corriqueiras se tornam uma verdadeira tortura. Mas ás vezes, você sai da cama, toma banho e vai pra rua trabalhar ou ir numa festa com amigos antigos por pura insistência alheia. E mesmo que você já conheça o ambiente e a todos, você sente que não tem que estar ali, que você não pertence aquele lugar. Você tenta rir, socializar, conversar. Ás vezes até consegue. Mas pra você aquilo ali é uma merda. Nada daquilo te interessa. Desconforto e medo definem! Não me pergunte porquê. Assistir o noticiário e ouvir notícias trágicas dói tanto que você tem vontade de sumir, sair desse mundo e nunca mais aparecer. Te faz pensar a que ponto o ser humano chegou. Te faz pensar como nos tornamos tão maus e cruéis. Você perde a fé nas pessoas, na humanidade. Tem só poucas pessoas com quem você se sente a vontade. Daí sim você se abre. Daí sim, você sabe que aquela pessoa acredita em você, na sua dor. Mas para cada uma que te entende, tem dez que te recriminam. Recriminam com comentários toscos, olhares curiosos ou de pena, perguntas indiscretas, cochichos, falta de confiança na sua capacidade para exercer qualquer tarefa...enfim, gente que não tem nada com a sua vida, mas aponta o dedo pra sua testa. Com depressão, você perde o prazer de fazer as coisas que antes você gostava. Tive que trancar o semestre da faculdade que eu tanto gosto porque não conseguia me concentrar numa simples leitura de um texto acadêmico. Eu quase perdi meu emprego porque em um mês só apareci para trabalhar cinco dias, porque simplesmente não conseguia sair da cama. Com depressão, é difícil controlar o medo que se sente ao sair de casa. Ás vezes, a gente sai, sorri para o vizinho pelo caminho, mas pode apostar: o depressivo está sempre com medo. Tremendo por dentro, rezando pra voltar logo pra casa. Ás vezes, quando se consegue levantar ou acordar mais disposta, a gente tenta ir para lugares cheios de pessoas. Mas mesmo assim, se você me encontrou, talvez não tenha percebido, mas eu estava fazendo um exercício de respiração para acalmar a minha ansiedade e o meu medo, o que ás vezes não dá certo. Numa viagem curta de metrô, de cinco ou seis estações, eu chegava a sair duas ou três vezes do vagão por simplesmente não conseguir respirar ou encostar em outra pessoa. Quando eu estou na rua, eu quero que você acredite que eu estou bem, por isso eu sorrio e me comporto como se tudo estivesse numa boa, porque se você souber que eu não estou bem, você vai querer estender o papo, vai querer mais detalhes e a última coisa que um depressivo quer é conversar com alguém que não seja o seu terapeuta. Ás vezes, até com a terapeuta eu não quero conversar. E não vou à sessão. Simples assim. O depressivo sente vergonha. Muita vergonha. Vergonha de falar que está indo ao psiquiatra, porque na boca miúda, psiquiatra é médico de gente louca. Sente vergonha de tomar antidepressivo, calmante... Se sente culpado, muito culpado. Se sente culpado por estar doente (sim, a depressão é, clinicamente falando, uma doença!) Ter depressão é ouvir das pessoas e até do seu médico que você precisa reagir, que só o remédio não vai fazer efeito. Como se você não estivesse tentando, com todas as suas forças, desesperadamente, sair do buraco negro. Rs... Você tem certeza que os outros estão pensando que é frescura sua, que você é mentiroso ou que é preguiçoso. Eu sou realmente preguiçosa. Mas ter depressão ganha da maior preguiça do mundo. Pode apostar. Ter depressão é tomar remédio atrás de remédio na esperança de que seus neurônios entendam o recado. É passar com três, quatro psiquiatras diferentes até encontrar um que te trate como um ser humano doente emocionalmente e não como um corpo que precisa de remédios tarja preta. Ter depressão é ter dores físicas, que do mesmo jeito que chegam, vão embora sem explicação. Um dia no pé, outro dia no braço, depois de cabeça e por assim vai. Imunidade baixa, manchas roxas pelo corpo, falta de vontade de comer e de se cuidar. Ter depressão te faz querer ver Deus, para que Ele te explique o que está acontecendo. Você não tem religião, mas mesmo assim, vai à igreja católica, evangélica, espírita, na esperança de que alguém resolva o seu problema, sendo que só você e Deus podem te libertar. Eu fui curada com ajuda da minha psicóloga, da minha psiquiatra, do padre Cléber Leandro da Igreja Santa Mena, mas principalmente com a minha própria ajuda e com a minha fé em Deus! E com a oração e ajuda de poucos amigos. Aqueles de sempre... Com depressão, viver dói! Física e psicologicamente falando. Te falam pra reagir, mas ninguém te diz como. Você mesmo tem que descobrir. A depressão é o medo do imprevisto. E o que é a vida senão um eterno imprevisto? Você não precisa entender o depressivo. Não vou pedir isso porque eu sei que é impossível, por mais que você ache que entenda. Você sempre vai achar isso! Mas se você conhece alguém com depressão e não sabe como ajudar, por favor, não atrapalhe. Não fale que ele precisa reagir. Não fale que ele não é o centro das atenções. Ele sabe disso, mas quando ele olha pro mundo, ele sente que cada uma das pessoas da face da terra, está o recriminando, está falando, está rindo, está com pena dele. Não adianta você dizer que não. A gente tenta convencer a cabeça diversas vezes que não é nada disso, então, por favor, não precisa dizer. Não vai adiantar. Se for pra falar isso, só o abrace e fique calado. Pode ter certeza, que o seu abraço vai falar tudo que você quer dizer. De uma forma menos dolorida, menos invasiva e menos desumana. Porque, não, depressão não é frescura, não é preguiça, não é querer chamar atenção. É doença e das graves. Da qual a gente luta pra sair fortalecido. Inteiro! Vivo! Ainda estou em tratamento, mas hoje eu sinto que me quebrei inteira para que eu pudesse me reconstruir da maneira que eu bem entendo, para conhecer como eu realmente sou e para moldar-me como eu realmente quero ser. Todo esse processo, me ensinou a respeitar os meus limites, os meus desejos, meus pensamentos e vontades. Com a depressão eu aprendi a lição mais importante, que ninguém nunca me ensinou: Que antes de qualquer coisa e de qualquer pessoa, eu preciso me respeitar e me aceitar. E os outros se quiserem, que aceitem. Se não quiserem, que se danem! (Agradeço aos meus amigos pelo apoio, conselhos, orações, empréstimos, broncas, abraços, afagos e por me mostrarem que nos momentos mais complicados da vida, não estar sozinho, faz toda a diferença! Amo vocês!)

Texto publicado originalmente no meu Facebook no final de 2016.